quinta-feira, abril 19, 2007

Crónicas do Greg


Caros congregues, transcreve-se de seguida um pequeno texto enviado pelo congregue anónimo (vulgo Greg Doe) que poderá servir como "tendências do Greg".

"(...) Tenho que admitir que tinha um grave problema com o álcool. O destilado, é claro, já que o etílico nem em momentos de desespero cheguei a provar. No entanto estou curado. Estou limpo há 36 horas.... ou será que é há 24 horas.... bem não tenho bem a certeza mas não é relevante. O que interessa é que consegui curar-me.Tinha esta dependência desde o meu sétimo ano de escolaridade, ou seja, desde os meus 22 anos. Sim, sim, é verdade. Chumbei uma data de vezes na quarta classe e no ciclo. O que é que querem, eu gostava daquilo. Não há nada como a vida de estudante.Foi então no sétimo ano que o meu professor de química, o Ferreira da Câmara me ensinou a mim e ao resto da turma o processo de destilação do álcool, ou seja, basicamente ensinou-nos a fazer bagaço a martelo.O assunto interessou-me tanto que me tornei o melhor aluno da turma. Fiz bagaço de tudo e mais alguma coisa. Esqueci-me de dizer que fui o melhor da turma mas só a química já que nas restantes disciplinas chumbei a tudo. Até a educação física. A culpa nem era minha, o raio do horário é que ditava as aulas de ginástica a seguir às de química e eu assim já ia para o ginásio com o equilíbrio ligeiramente instável.Quando há uns anitos a minha língua começou a ficar com a textura da cortiça e assim a dificultar-me a dicção eu achei por bem parar com o vício e decidi entrar nos alcoólicos anónimos.Claro que foi um processo demorado, não por falta de vagas ou devido a um qualquer exigente processo de candidatura, mas porque por ser uma entidade anónima ninguém me sabia dizer onde era.Foi por pura sorte que a descobri graças ao bêbado do meu amigo Malaquias. Chegou então o dia V. O dia da minha apresentação e o dia em que eu de uma vez por todas deixaria o vinho.Durante a viagem pensei num nome fictício com que eu me iria apresentar. "Hummmmm, deixa cá ver um nome que me mantenha anónimo..... Grant’s.... não, é estrangeiro.... Vimieiro..... não, é nome de cachaça,....... Monchique..... ahhhhhhgggrrr, isto não, é marca de água, iaaaaacccc, que horror..... ahhhhh...... Beirão.....ahhhh, bolas, é nome de licor, o licor de Portugal. Que raio, só me consigo lembrar de nomes alcoólicos. Isto deve dar mau aspecto. Que raio, se ao menos eu pudesse dizer o meu verdadeiro nome seria tudo muito mais fácil."Decidi que quando chegasse lá resolveria a questão. Cheguei a horas mas optei por ficar à porta cinco minutos para não correr o risco de ser o primeiro a ter que dizer o nome. Foi de ouvido à escuta que fiquei ali, mesmo juntinho à entrada. Quando chegou a hora ouvi "O meu nome é Isaías e sou alcoólico", deu-me um arrependimento e fugi dali a sete pés. Só parei no Larocas para um copo de carrascão e uma sandes de molho.Quando pensava que já não tinha cura possível, que mais dia, menos dia acabaria numa valeta arremessado por uma overdose de álcool vi num bocado de uma folha de revista que eu estava a usar para fazer um filtro, a palavra Vinoterapia."Só pode ser a cura para quem tem mau vinho", pensei eu. Tentei informar-me sobre o assunto. Consegui descobrir que basicamente se trata de ir a banhos em vinho. Um gajo está ali de molho no dito e em vez de o beber só o cheira. Como estes tratamentos são feitos em SPA’s e graças ao meu vício dei cabo da minha fortuna, decidi fazer o tratamento em casa.É como aqueles gajos que em vez de irem para o ginásio compram uma máquina de musculação e exercitam o cabedal em casa.Eu comprei 28 garrafões de Teobar. Enchi a minha banheira de hidromassagem com ele e passei a tomar um relaxante banho diário naquele néctar. Agora que cheiro a vinho 24 horas por dia deixei de o beber. Aliás, só o cheiro já me deixa enjoado.Nunca mais meti uma gota à boca. Juro! Juro! Juro! Claro que as vezes que eu adormeço na banheira e engulo uns pirolitos não contam!!!! (...)"

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