quinta-feira, julho 12, 2007

CRÓNICAS DO NORDESTE- Episódio n.º 3

Carqueija após saciar as fontes com vinho e alho, por causa das tonturas, que os fenos lhe provocavam dirigiu-se à estrada regional 000, auto-estrada de 7 vias com que o governo central resolveu dotar as gentes do Nordeste. Para cobrar milagres, há que ter boas estradas de acesso aos santuários etílicos!..
Carqueija com o seu deck aerosónico de 4 pistas , ouvia o último sucesso de Piligrana Mendes , cantor emigrado nos Balcãs e Luso descendente. O tema era “ o meu carro tem tecto de abrir e a tua mulher ar condicionado…”. Falava da relação homem –máquina.. e das desventuras de um romeiro Kasai, que tinha sido roubado pela máfia russa junto do Kremlin.
Tudo porque esse romeiro Kasai, mártir do comunismo, tinha pedido um Macdonalds Big Marx e duas cocas…Bem, logo foi preso e exilado para o Nordeste de Portugal, onde haveria de sobreviver sem direito aos cuidados básicos de saúde, educação e justiça…Vivia na casa de Carqueija, pardieiro pós-moderno e antiga escola primária, tipo Conde Ferreira - inícios do século XX Português…
O romeiro Kasai, chamado Yuri , cuidava de Heidi Von Krip quando Rodinhas Escapou e Carqueija iam cobrar promessas. Heidi não se fazia rogada e bem vergava face aos traumas psicológicos das torturas sino-russas…
Yuri e Heidi também davam guarida a alguns comunas, do grupo Catarina Eufémia-Vasco Gonçalves, que viam em Yuri um santo, a incarnação do Grande Líder…
Carqueija ia em direcção a um feudo designado de Mercado, junto ao Atlântico …Ia cobrar uma promessa ao santuário etílico do Greg.
Carolina das mamas grandes e de cu neo-clássico tinha pedido a Carqueija que fosse em vez do seu marido ter com o Greg, uma vez que o seu Zé estava moribundo por ter ingerido dois supositórios com um garrafão de aguardante, que por sua vez tinha ácido, uma vez que Zé tinha encornado a esposa do Presidente da Junta de manhouces e este vingou-se pelo gargalo…a eterna fraqueza do Zé!
Greg, era uma entidade mítica , nos santuários etílicos nacionais. Constituído por gajos, verdadeiramente borrachões e que desafiavam a lógica das medicinas alternativas. Um dos seus membros era capaz de beber até esquecer-se que estava a beber..Um mágico da dialéctica shakespereana- “ to be or not to be”- O próprio livro, o Omelete, não servia de manual de orações a Carqueija…
A vida era fodida e Carqueija lá ia aliviando as suas entranhas …Já sentia barulhos estanhos nos instestinos. Eram gases!!... Um peido ecoou na estrada logo a seguir à estrofe “…és tão querida, mas és tão puta…” que Piligrana Mendes cantarolava…
Eram dez da manhã e os cobradores já vislumbravam o rio do ouro…

( Continua nos próximos episódios)

2 comentários:

Goya disse...

Qualquer elogio que consiga verbalmente articular, será infinitamente insuficiente para exprimir o meu literário prazer, nesta tua prosa.
É crua e dura, é insana e caótica, é livre e desbragada... é o "agora" e "já"!!!

Venha daí a continuação desta saga.
Cheers

P.S. - Espero bem que eles encontrem a ponte para esta margem.

Raiadão disse...

Subcrevo o congreg Goya.

ah!!! jngreg!!!