sábado, agosto 04, 2007

CRÓNICAS DO NORDESTE- Episódio n.º7

À entrada do mercado encontravam-se dois piearrotos medievais. Carqueija olhou para aqueles gajos de ceroulas e farinha na cara, que resolveu abisganar mais uns goles de verdinho…Depois ele é que era o rústico!...Greg enjoado pelo cheiro nauseabundo da galinha pedrês , esguinchava retórica sobre os meninos de coiro do rei local.
Os piearrotos diziam que Greg e Carqueija não podiam entrar, por estarem borrachos e que se queriam vinho, que fossem para outro lado. Ali, só havia galinha. Inspirado por Baco, Greg lançou o grande feitiço do vómito gigante sobre os piearrotos. A mistela de diversos cocktails alcoólicos fez com que Greg, Carqueija e seu aio Rodinhas entrassem triunfalmente naquela viagem…
O importante era a fachada naquele local. Todos bêbados, mas disfarçavam!... Não assumiam a greguerice! Para Carqueija aquilo era como ser católico não praticante. As meninas da terra eram acopuladas pelos cavalos e os cavaleiros levavam nas bentas dos anões gigantes da política local. Era o verdadeiro pinanço! As bruxas dedicavam-se à estomatologia e à indústria de electrodomésticos, os ferreiros dedicavam-se a fazer espetos de pau, os bobos faziam bobagens …E um deles disse: "...O rei vai nu!…" Logo, o ferreiro mete no baixo ventre do rei dos Galináceos, um pano bordado pelas rameiras com as insígnias “…Se não fizeres muito barulho , tens um lugar aqui ao meu lado a fazer –me um …uma ..bobo…agem…”
Carqueija tinha de cobrar as promessas que tinha feito aos moribundos, aos sedentos de álcool do nordeste…Greg instalou a sua tenda e com uma meia no microfone, começou a regatear preços: “…Ora , meus amigos, promoção do dia: beba um pontapé na cona e leve dois coices de mula gratuitos…é pegar, senhoras e senhores , é pegar a galinha pelos cornos...”
Logo, veio o censor do mercado a condenar tais práticas de bruxaria:".. Um microfone!!! Onde estava o espírito das tradições orais à distância…"Um fogo regenerador teria que ser ateado para queimar tais hereges!...
Lá juntaram unss pauzitos enquanto os soldados tentavam acalmar a ira dos populares e de alguns porcos que tinham sobrevivido ao espeto. Alguns deles filmavam tudo com as suas máquinas digitais compradas nessas catedrais do consumo muito na voga entre os espíritos medievais: os centros dos almocreves que gostam de óculos de sol…
Quando o carrasco ia acender o fósforo, Carqueija no seu peculiar sentido de humor disse: "...Não é preciso…O meu hálito é suficiente…"
Tudo era fachada. Menos as torres do castelo, que mantiam sua fachada, digna, diga-se!…
Eram 9 da noite e as velas lampejavam o rio castrol.

1 comentário:

Goya disse...

Duro, incisivo e politicamente Gregoriante, como já nos tens habituado.
Viva o pontapé na cona no rio castrol!!!

Ass: Raiadão e GoyGeorge