terça-feira, julho 24, 2007

CRÓNICAS DO NORDESTE- Episódio n.º5

O barão da rolha de cortiça, Sir Cork, abriu as portas da cave e levou-os para as festas baconianas. Nada fazia prever tais gregoriações. Deitados em marquesas os comensais deleitavam-se com as colheitas dos melhores néctares. Todos comiam e bebiam até à exaustão.
Naquele dia o jogo da noite consistia em fazer que Carqueija fizesse a dança da garrafa. Carqueija tinha que enfiar o seu gargalo em cada uma das amazonas presentes e enfiar uma rolha no pandeiro. Se a rolha saltasse , seria obrigado a casar com a amazona de serviço libertando-a da servidão etílica.
Face ao estado ébrio de carqueija, sempre que enfiava o gargalo numa das escravas do barão, a rolha saltava…Os amigos de cortiça empalideceram, pois desde o famoso Van Gin, que não saltava tanta rolha…Foi o momento de libertação! A revolução dos cravos e das ferraduras!...
Carqueija era um verdadeiro borrachão e de prisioneiro virou senhor da grande comenda do que estou tão bêbado que não entendo o que estes gajos estão para aqui a fazer…
Para espanto de muitos, Norberto da Cunha aparecia no salão com o seu nabo ainda a pender e ainda com uma cesta de frutas à cabeça…Face a esta aparição inesperada, Sir Cork virou-se para a plateia de bacantes e afins e perguntou em tom solene: “…Quereis comer Carqueija ou Norberto da Cunha?...” Todos em uníssono, exclamavam : “…Norberto! Norberto!...! “…Liberta Carqueija!...Liberta!...”
Carqueija e Rodinhas escaparam daquele ambiente vivace muito britânico e como verdadeiros machos puseram-se a cavalo na burra mirandesa que Norberto tinha arreado junto ao poste dos correios. Toca a marchar!
Já quem não marchava nada era Godofredo Glauco. Estava um calor de rachar e resolveu pegar fogo ao trabalho de toda uma manhã. Acende um fósforo e fuma uma erva da pura…
Eis que passa Frody perna de pau , que também era vendedor ambulante de melancias e melões. Enquanto o campo começava a arder aproveitavam para tirar o hálito das ervas danadinhas com duas talhadas…
Eis que se ouvem as sirenes ao longe…Pelo sim, pelo não o padre Alfredo armou-se com o seu baldinho da água benta para ver onde parava aquele fogo que ardia, mas não cheirava…
Eram duas da tarde e Carqueija e Rodinhas a trote entravam em ganda mar, terra de todos os valentões!...

1 comentário:

Goya disse...

IMPRESSIONANTE!
Nem nos meus melhores sonhos, imaginaria que da ConGregAção fosse algum dia destilado um tamanho portento literário...
E se dúvidas ainda tinhas, JN, eis a prova que é esta, mais do que qualquer outra, a tua área de acção...

Cheers

P.S. - Como área de acção referia-me aos párias ébrios, porcos e maus, que povoam estas tuas (e nossas) crónicas